EPIC Environmental physiotherapy in the clinic

Como tornar a sua clínica de fisioterapia mais ambientalmente sustentável

 

Nesta página, vai encontrar informações essenciais e mais detalhes sobre os diferentes pontos de ação sugeridos no póster EPIC: ‘Como tornar a sua clínica de fisioterapia mais ambientalmente sustentável’. Abaixo de cada ponto encontrará:

(1) Pontos de ação para a implementação de cada ponto individual. Todas as medidas propostas são exemplares porque existem sempre outras opções e diferenças significativas inter/nacionais, regionais e locais que terão de ser consideradas e ajustadas.

(2) Justificações de como é que as medidas sugeridas contribuem para a sustentabilidade ambiental.

(3) Literatura e indicações de fontes credíveis. Aqui, são considerados autores que contam com conhecimento científico reconhecido e que comprovadamente atuam de forma independente (por exemplo, independentemente de empresas ou dos seus grupos de interesse) como fontes credíveis. Em caso de dúvida, esperamos que pesquise mais por si mesmo e nos informe como podemos melhorar o que estamos a apresentar aqui

O EPIC póster ‘Como tornar a sua clínica de fisioterapia mais ambientalmente sustentável’ e a informação adicional fornecida nesta página foram desenvolvidos através da colaboração entre os Fisioterapeutas pela Saúde Planetária organizada pela Health for Future na Alemanha e a Associação de Fisioterapia Ambiental (Environmental Physiotherapy Association). Equipa de tradução e adaptação dos conteúdos da ESSA Escola Superior de Saúde do Alcoitão: Miguel Noronha, Duarte Santana, Margarida Antunes, Matilde Dias, Patrícia Almeida, António Alves Lopes, Margarida Jardim, Marta Alvaleide e Ana Isabel Vieira.

Os exemplos e explicações que reunimos aqui destinam-se a ajudá-lo a implementar medidas específicas na sua prática clínica (e vida privada) para melhorar a sustentabilidade ambiental da sua clínica e prática de fisioterapia. Tornar a fisioterapia mais ambientalmente sustentável é fundamental para a sustentabilidade económica, social e ambiental. Para nos ajudar a desenvolver e melhorar ainda mais os nossos pósteres EPIC e as informações básicas associadas, consulte as informações fornecidas na parte inferior desta página.

1. Avaliar as emissões e o seu potencial para serem reduzidas

No início do percurso para uma clínica sustentável e climaticamente neutra está a análise da sua pegada ecológica, ou seja, o seu status quo. Com base na identificação da pegada ecológica atual, podem ser identificadas potenciais formas que contribuem para uma melhoria da mesma, implementando os seguintes pontos de ação referidos de 2-8. Em primeiro lugar, destacamos o equivalente de CO2, ou pegada de carbono, que consiste na medida das emissões de um produto, pessoa, empresa ou outro, em que as várias substâncias prejudiciais ao clima (por exemplo, metano) com o potencial de impacto negativo se tornar CO2.

 

Pontos de ação

Para calcular as emissões atuais da sua clínica de fisioterapia podem ser utilizadas várias plataformas, incluindo por exemplo:

  1. https://www.cacalculadorapegadaclimatica.pt/pt/
  2. http://www.quercus.pt/comunicados/2017/abril/4255-calculadora-de-pegada-ecologica-e-de-pegada-de-carbono-ajudam-a-gerir-o-ambiente
  3. https://www.portaldocidadao.pt/pt/web/instituto-superior-tecnico/pegada-de-carbono

Justificação

Com uma análise da situação atual das emissões da sua clínica, as medidas podem ser planeadas de forma direcionada e eficiente (determinação do alvo) e, acima de tudo, os resultados dos esforços podem ser comprovados (reavaliação e comparação). No entanto, não é possível reduzir 100% das emissões. As restantes emissões podem ser compensadas com medidas adequadas, como por exemplo, aumento da plantação de árvores (50 árvores = aproximadamente 1 tonelada de CO2) ou até reduzir as licenças de emissão de carbono excedentes do Esquema Europeu de Comércio de Emissões (por exemplo, https://www.compensators.org/).

Fontes e informação adicional:

Calculadora pegada de Carbono: https://www.footprintcalculator.org/home/pt

Calculadora adicional de CO2: https://iniciativaverde.org.br/calculadora

2. Economizar energia: eletricidade, água, aquecimento

Economizar energia também significa economizar dinheiro e, portanto, também é economicamente vantajoso para a clínica. As medidas para que isso aconteça podem variar desde de pequenas mudanças (ao nível comportamental), até mudanças maiores (como a substituição de um sistema existente por um que seja mais sustentável). Também é possível otimizar um sistema já existente para obter uma redução nas emissões. De uma forma ou de outra, é possível economizar com algumas mudanças relativamente pequenas.

O setor energético residencial é responsável por cerca de 27% do consumo final de energia na UE e apenas 17,5% desse consumo é colmatado por energias renováveis ( Faro, 2020).

Um dos setores que utiliza mais água para a sua produção é o setor alimentar, que dá uso a grande quantidade de água e aumenta a poluição, contribuindo para a pegada hídrica e ecológica de forma cada vez mais notória. Refletindo-se como consequência na agricultura  (Ferraz, et al., 2020).

De seguida são descritas medidas de economia de energia para clínicas relativamente a eletricidade, água e aquecimento.

 

Pontos de ação

Eletricidade

    • Luz do dia em vez de luz artificial;
    • Desligar os dispositivos (por exemplo, PC, impressora,…) em vez de mantê-los em modo de espera;
    • Investir em tomadas que podem ser desligadas à noite;
    • Usar dispositivos energeticamente eficientes.

Água

    • Estar atento ao consumo de água, especialmente água quente;
    • Verificar e corrigir quaisquer fugas;
    • Fechar bem as torneiras.

Aquecimento

    • Arrefecer a divisão vigorosamente 3-4 vezes ao dia, por 5 minutos, através de sistemas de arrefecimento, em vez de manter as janelas abertas o dia todo.

Justificação

Eletricidade: Embora as lâmpadas LED possam ser mais caras, elas duram cerca de 25 vezes mais do que as lâmpadas incandescentes e usam significativamente menos energia. As etiquetas de eficiência energética para dispositivos eletrônicos, fornecem informações sobre o consumo de energia, entre outras coisas. Por exemplo, um frigorífico com classe de eficiência energética A+++ consome cerca de 100 quilowatts-hora (kWh) a menos por ano comparado a um refrigerador com classe de eficiência energética A+.

Água: O consumo de água quente requer mais CO2, porque a água tem que ser aquecida primeiro, o que por sua vez consome mais energia, acabando por ficar muito mais dispendioso que a água fria. É possível reduzir cerca de 50% do consumo de água usando chuveiros que economizam água. Usando reguladores de volume de descarga nas sanitas também se pode economizar.

Aquecimento: Muitas vezes as pessoas “sobreaquecem” ou esquecem-se de desligar o aquecimento, então o controlo de temperatura é útil. O gás natural ou aquecimento urbano é mais favorável ao clima do que o aquecimento a óleo. No entanto, a melhor opção passa por recorrer a bombas de calor e a uso de energia solar térmica ou geotérmica.

 

Fontes e informação adicional

Do autoconsumo a produtor-consumidor de energia: análise do desempenho técnico e económico em Portugal: https://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/128136/2/410754.pdf

Água: A pegada hídrica no setor alimentar e as potenciais consequências futuras: http://actaportuguesadenutricao.pt/wp-content/uploads/2020/12/08_ARTIGO-REVIS%C3%83O.pdf

    3. Reduzir o desperdício: poupar, reutilizar e reciclar

    Semelhante ao processo de redução das emissões de CO2, é aconselhável determinar primeiro onde é possível economizar na produção de resíduos. A próxima etapa consiste em obter uma visão geral dos recursos que poderiam ser usados ​​com mais frequência, por exemplo, por meio de reutilização ou de segunda mão. Se produzir lixo, certifique-se que separa os seus resíduos e descarta os resíduos perigosos corretamente. As listas a seguir fornecem alguns exemplos e devem ser complementadas individualmente por cada clínica.

    Pontos de Ação

    Reduzir

      • Plásticos devem ser evitados sempre que possível, tanto em produtos, quanto em embalagens. Economizar papel (por exemplo, através da digitalização) também ajuda o meio ambiente, simplifica processos e economiza dinheiro. Para mais informações, consulte os pontos 7 e 8.

    Reutilizar

      • Embalagens reutilizáveis ​​em vez de embalagens descartáveis ​​e/ou de recarga;
      • Compre garrafas recicladas para os funcionários ou beba água da torneira sempre que possível;
      • Use batas protetoras que possam ser lavadas, ​​ao tratar utentes de alto risco;
      • Os utentes trazem as suas próprias toalhas/lençóis e são aconselhados a usá-los com mais frequência;
      • Alternativas às toalhas de papel: secadores de mãos elétricos, toalhas de papel reciclado, rolos de toalhas de pano no dispensador de toalhas ou, o melhor de tudo, jatos de ar;
      • Use papel já impresso (respeitando a proteção de dados) como papel de rascunho;
      • Use copos de vidro em vez de copos de papel, na sala de espera; 
      • Plastifique, assine, digitalize, limpe e reutilize a sua política de privacidade e documentação semelhante.

    Reciclar

      • Forneça vários caixotes do lixo rotulados para separar plástico, papel e resíduos no geral, bem como um ponto de colheita separado para resíduos perigosos, como baterias ou lâmpadas.

    Justificação:

    A agência alemã de testes Brunnen eG (2008) mostrou que as garrafas PET retornáveis, seguidas pelas garrafas de vidro retornáveis, são mais ecológicas do que as garrafas PET descartáveis. Ao realizar recargas maiores vai necessitar de menos garrafas descartáveis e vai poupar dinheiro. 

    Em 2014, a Agência Ambiental Alemã, analisou os sistemas de secagem das mãos de uma perspetiva ecológica. O resultado mostrou que os dispositivos de jato de ar apresentam o menor impacto ambiental.

    Ao separar corretamente os resíduos, os materiais podem ser reciclados de melhor forma e os resíduos reduzidos. O vidro e o papel são mais fáceis de reciclar do que o plástico. Por exemplo, revistas, materiais de escritório, caixas de papelão, papel higiênico, etc. podem ser produzidos a partir de papel reciclado. Os resíduos de plástico só podem ser reciclados em cerca de 16% na Alemanha e ainda menos em todo o mundo. Os resíduos de plástico, em particular, devem ser reduzidos.

    Fontes e informação adicional:

    Reduce, Reuse, Recycle: The Three R’s: https://www.greenandgrowing.org/reduce-reuse-recycle-information/

    Plastic waste worldwide – statistics & facts: https://www.statista.com/topics/5401/global-plastic-waste/#dossierKeyfigures

    74 recycling facts + statistics for 2021: https://www.rts.com/blog/recycling-facts-statistics/

    4. Transporte amigo do ambiente: deslocações, visitas ao domicílio, formação profissional, conferências

    Em Portugal, o setor de transportes contribui com cerca de 25,8% (2020) para as emissões de gases de efeito de estufa. A mobilidade ainda ocorre em grande parte com carro próprio.

    • Apenas uma percentagem de portugueses (de 25% a 30%) admitem estar dispostos a adotar medidas para evitar o uso do carro nas deslocações diárias;
    • Em Portugal, mais de 40% da população reside nas cidades, onde mais de 75% das deslocações são realizadas em transporte individual, apenas com um ocupante e mais de metade percorrem uma distância de 3 a 5 quilómetros.

    Outro argumento para uma mobilidade ecológica é a redução associada da poluição sonora e do ar. Ambos são fatores de risco ambientais para mortalidade cardiopulmonar ( em Portugal este valor ronda as 6000 mortes/ano). Somando-se aos outros pontos explicados nesta página, uma redução imediata e drástica das emissões de gases de efeito estufa no trânsito é necessária para proteger a saúde pública, apesar das mudanças ambientais e climáticas existentes. 

    Pontos de ação:

    • Promoção da mobilidade ativa para deslocação ao trabalho e para visitas domiciliárias; 
    • Incentivos aos funcionários, como subsídios para transporte público ou desgaste de bicicletas, bicicletas da empresa; 
    • Pedalar em equipa pelo clima como uma atividade para fortalecer a química da equipa (ver, por exemplo, projekt.klimaretter-lebensretter.de);
    • Motivar os utentes a usar o transporte ativo na vida quotidiana e no caminho para a clínica.

    Justificação:

    Os meios de transporte ativos como o ciclismo e a caminhada podem, em combinação com o uso de transportes públicos, economizar milhões de toneladas de CO2. A atividade regular ao ar livre, por exemplo na forma de treino de resistência, tem um efeito cardioprotetor e melhora o estado geral de saúde. Andar de bicicleta aumenta a expectativa de vida em 3 a 14 meses e contribui para a saúde mental. Desta forma, o transporte ativo poderia ajudar a reduzir a mortalidade prematura por doenças crônicas, como doenças cardiovasculares, diabetes mellitus tipo II, osteoporose ou obesidade, e ao mesmo tempo reduzir a poluição sonora e do ar causada pelo trânsito.

    A poluição do ar é classificada como cancerígena e o principal fator de risco para doenças cardíacas e pulmonares em todo o mundo: as partículas de poeira podem penetrar no trato respiratório e na corrente sanguínea e causar alterações na ativação do sistema nervoso autónomo, perda da função vasomotora endotelial, bem como desencadear uma inflamação sistémica e stress oxidativo. Dependendo da exposição de curto ou  longo prazo, existe um risco aumentado de sintomas de bronquite em crianças, bronquite crónica em adultos, crises de asma e problemas cardiovasculares. No pior dos casos, pode ocorrer uma internamento na unidade de cuidados intensivos.

    Fontes e informação adicional:

    Inventário Nacional de Emissões: https://apambiente.pt/sites/default/files/_Clima/Inventarios/2022AgostoMemoEmissoes.pdf

    Mobilidade em Portugal e na Europa: https://www.cm-maia.pt/pages/1038

    Global Mobility Report 2017: https://openknowledge.worldbank.org/bitstream/handle/10986/28542/120500.pdf?sequence=6

    5. Roupa de trabalho sustentável, equipamentos para clínicas e terapias

    Nas compras, deve dar prioridade a produtos que indiquem uma troca justa e escolher empresas que fabriquem produtos de uma forma amiga do ambiente. Recomendamos o comércio local para diminuir as distâncias de transporte. 

    Pontos de ação:

    • Procure selos e rótulos de produtos sustentáveis quando realiza as suas compras;

    • Concorde em usar roupas livres de plástico, em equipa (em vez das denominadas roupas funcionais);

    • Não compre bolas de ténis novas, peça ao clube local por bolas velhas ou que já não usem (costumam oferecê-las);

    • Tanto quanto possível utilize o seu corpo, objetos do dia-a-dia ou o ambiente como ferramenta de trabalho;

    • Procure utilizar produtos duradouros e produtos feitos de plástico reciclável ou de materiais mais sustentáveis (ex: madeira e cortiça);

    • Quando opta por dispositivos de utilização final, pode considerar diferentes pormenores (visualizar ponto 8). Pode também optar por comprar em segunda mão.

    Justificação:

    Desde 2014, o site Partnership for Sustainable Textiles tem perseguido o objetivo de melhorar a produção têxtil, tanto a nível social como ecológico.

    De forma a melhorar as condições ecológicas que englobam o mundo da fisioterapia, têm sido criadas diversas medidas, tais como a utilização de equipamentos feitos de materiais reciclados e a prática da profissão sem uso de recursos materiais.

    Como exemplos de equipamentos fabricados à custa de materiais reciclados, temos como exemplo, talas de imobilização, estimuladores sensoriais, etc..

    Podemos também aplicar a utilização de cartões de visita e de contacto feitos de materiais reciclados.

    Para além dos tópicos abordados, a mobília também tem um papel influente na atmosfera interior, seja de clínicas ou hospitais e na saúde dos trabalhadores e dos utentes. Sintomas como cansaço, fadiga, dores de cabeça e irritações nos olhos podem surgir devido a uma má qualidade do ar.

    Fontes e informação adicional:

    6. Trabalhar com parceiros em sustentabilidade: seguradoras, bancos, fornecedores de eletricidade e outros

    17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)Devido ao papel tão importante que o setor energético e outras indústrias igualmente grandes desempenham na sociedade atual e nas crises ambientais e a sua ligação com os bancos, companhias de seguros e setores semelhantes, trabalhar com parceiros de forma sustentável é indispensável para tornar as clínicas de fisioterapia mais sustentáveis.

    Pontos de ação:

    • Escolher a empresa de eletricidade consoante o critério de sustentabilidade;
    • Trabalhar com companhias de seguros e bancos que priorizem a sustentabilidade.

    Justificação

    Fornecedores de energia e outros parceiros

    Para além das empresas de seguros e dos bancos, existem outros parceiros a considerar de forma aumentar a sustentabilidade. Estes parceiros podem ser, por exemplo, serviços de faturação, consultores fiscais e fornecedores de eletricidade. De forma a garantir novos parceiros e empresas que contribuam para a sustentabilidade, é conveniente perceber se as empresas seguem os “três pilares” da sustentabilidade. (Ecologia, social e economia) e se estes estão integrados nas suas políticas ou se os seus gestores se guiam pelos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). O uso de energia verde pode poupar até 72% das emissões, porém o termo energia verde não é totalmente aceite e, por isso, recomenda-se a utilização de fornecedores energéticos com selos de certificação.

    Companhias de seguro e bancos sustentáveis

    As companhias de seguro e bancos são considerados sustentáveis caso invistam o seu capital de acordo com os critérios estabelecidos pelo Governo Social Ambiental. Isto significa que eles investem exclusivamente em companhias que promovem o desenvolvimento sustentável e projetos sociais e não em empresas que impedem a transição energética, violam os direitos humanos, destroem o ambiente e promovem os testes em animais. No entanto é importante referir que cada banco tem os seus próprios critérios de inclusão para desenvolver investimentos e que podem ser encontrados nas suas páginas de internet.

    Fontes e informação adicional:

    Green-e. (o.J). Find Green-e certified Energy providers. https://www.green-e.org/certified-resources 

    7. Ser consciente com uso de papel

    A redução e o uso mais consciente do papel é importante para que possamos preservar as florestas e reduzir a pegada da indústria do papel. Em 2018, Portugal produziu cerca de 2.060 mil toneladas de papel e cartão, sendo responsável pelo abatimento de aproximadamente 50 mil árvores, tendo emitido cerca de 2 toneladas de CO2. Nesse ano, cada português consumiu 102,8kg de papel e cartão.

    Nesta linha de pensamento, é necessário que cada indivíduo entenda o seu papel na minimização dos danos ambientais e adote comportamentos que reduzam os danos advindos da produção e consumo do papel. (worldatlas.com; eco.sapo.pt; Sun, Wang, Shi & Klemes, 2018). 

    Pontos de ação:

    O papel pode ser poupado de várias maneiras. Basicamente é simples: Sempre que for utilizar papel, pergunte-se a si mesmo: “Isto é mesmo necessário?”. Se houver uma alternativa (mais ecológica): não! Atualmente, uma alternativa muitas vezes pode estar nas soluções digitais. Mas aqui também é recomendado cautela (consulte o ponto 8 abaixo). Algumas ideias mais específicas podem incluir o seguinte:

    • Registos clínicos em formato digital;
    • Marcação de consultas e pagamentos online (permitindo que os utentes marquem as suas próprias consultas online);
    • Administração digital (sem pastas);
    • Imprima apenas o absolutamente necessário;
    • Use papel reciclado (na casa de banho também), evite rolos de cozinha (use panos);
    • Use folhas impressas num lado como papel de rascunho;
    • Use secadores de ar quente em vez de toalhas de papel;
    • Procure alternativas digitais (por exemplo, contacto com pacientes, parceiros de negócios, médicos), por e-mail ou Messenger;
    • Pratos e copos de vidro e cerâmica, em vez dos descartáveis. 

    Justificação

    A prática da fisioterapia sem uso de papel pode ser o objetivo, mesmo que demore um tempo para chegar lá. Ao manter todas as informações dos seus utentes num local central, a gestão de dados é amplamente otimizada, o que, por sua vez, leva a consultas mais eficientes. Procurar informações digitalmente, em vez de vasculhar pilhas de papel, é mais rápido e seguro e parece muito mais profissional. Além disso, a automação resulta em menos duplicação e menores taxas de erro. Na sua clínica, pode priorizar o uso das alternativas digitais mencionadas acima, continuando a disponibilizar meios não digitais para os utentes que os preferem.

    Fontes e Informação adicional:

    8. Digitalização: Uso sustentável de hardware, software, arquivos digitais de utentes e comunicação

    quantas mais pesquisas, mais árvores são plantadasA transformação digital apresenta vários benefícios ambientais, tendo um impacto direto na redução do consumo de papel, das emissões de CO2 e da poluição por combustíveis fósseis, apresentando, também, benefícios para a sua clínica, ao tornar os processos mais eficientes.

    Por outro lado, a transformação digital também tem um impacto negativo no ambiente, uma vez que o setor das tecnologias da informação é responsável por 4% das emissões de gases com efeito de estufa, sendo que 50% dessas emissões são geradas pelo armazenamento de dados e manutenção da rede e os restantes 50% devem-se ao fabrico de equipamentos como telemóveis, tablets e computadores.

    Pontos de ação

    1. Gestão digital dos dados do utente e comunicação com utentes e parceiros;
    2. Hardware e software sustentáveis;
    3. Navegadores e motores de pesquisa sustentáveis;
    4. Alojamento de sites sustentável.

    Justificação

    1. Gestão digital dos dados do utente e comunicação com utentes e parceiros

    Um registo digital para dados dos utentes, achados clínicos e documentação das sessões, bem como outros documentos (ressonâncias magnéticas, relatórios médicos, etc.) economiza espaço porque os arquivos e pastas físicas já não vão ser mais necessários, e é prático porque tudo pode ser encontrado rapidamente, é fácil de manusear e pode ser vinculado a ferramentas de faturação. Isso economiza papel e “papelada”.

    O backup dos dados dos utentes pode ser feito num armazenamento local, em vez de ser feito numa nuvem, uma vez que as nuvens funcionam através da queima de carvão em centrais termelétricas, o que leva a elevadas emissões de CO e ao aumento da pegada de carbono.

    Em Portugal, pode ser utilizado um prontuário eletrónico ou um registo clínico eletrónico como uma ferramenta que disponibiliza as informações do utente, como estado de saúde, procedimentos e progressão da situação clínica, para que os profissionais de saúde comuniquem entre si e se possam basear e guiar no processo de tomada de decisões clínicas. Contudo, o seu uso não é ainda sistematizado, variando de instituição para instituição, dificultando uma comunicação inter-instituição, a grande escala. Uma plataforma de registo eletrónico sistematizada, que incluísse a fisioterapia é extremamente importante, uma vez que esta vai facilitar o contacto e comunicação entre os profissionais de saúde, incluindo o fisioterapeuta, que integra a equipa multidisciplinar que acompanha o utente, resultando numa maior qualidade na prestação de cuidados de saúde. A importância de um Registo Eletrónico em Fisioterapia (REF) encontra-se mais detalhada em: http://www.apfisio.pt/wp-content/uploads/2018/10/RLE__2018_008_31__Registo_logo_existo.pdf.

    Sempre que possível, deve haver uma mudança para a comunicação digital. Mas fique atento! A comunicação digital também polui o meio ambiente, por exemplo, o custo ambiental médio de um e-mail pode variar entre 0,03 e 26 gramas de CO2, dependendo do tamanho do conteúdo e do tempo que demora a ser lido.

    De modo geral, o princípio básico também se aplica aqui: reduzir o uso geral é a primeira escolha! Tudo o que circula pela internet tem uma pegada ecológica (ex: nuvens, streaming, mails, transações bancárias, PC etc. uso em geral). Quanto maior o volume de dados e os padrões de segurança, mais energia é consumida.

    2. Hardware e software sustentáveis

    A poluição digital é um tipo de poluição gerada pelas novas tecnologias. Contudo esta não advém apenas da sua utilização, uma vez que para o fabrico de telemóveis, computadores e tablets, é extraída matéria-prima, que foi transportada, trabalhada e distribuída para o país onde são vendidos, o que gera emissões de CO2. O fabrico de uma televisão gera cerca de 350 kg de CO, a mesma quantidade de CO emitida por uma viagem de carro de Lisboa a Hannover, na Alemanha.

    Atualmente já existem marcas de telemóveis e computadores que substituem os seus materiais por opções recicladas, como a Samsung, que reutiliza o plástico das redes de pesca nos seus produtos, e a HP, por exemplo, que utiliza plásticos que permitem reutilizar 92 mil garrafas de plástico por ano.

    Outra alternativa sustentável são os equipamentos em segunda mão ou recondicionados, que apresentam menos 76% de emissões que um aparelho novo e têm um preço mais reduzido, sendo mais acessíveis. Existem lojas e pontos de recolha que compram e aceitam doações, respetivamente, de dispositivos que já não são utilizados, permitindo reduzir a poluição, reduzir a acumulação da tecnologia e reutilizar o hardware e software, prolongando a sua vida útil. Alguns exemplos são a Worten, FNAC e Cashconverters.

    3. Navegadores e motores de pesquisa sustentáveis

    Mesmo através do uso de navegadores e motores de busca alternativos, pode contribuir para a redução das emissões de CO2, pois por cada pesquisa no Google são emitidas 0.2 gramas de CO2.

    Existem alternativas sustentáveis como por exemplo:

    • Ecosia (quantas mais pesquisas, mais árvores são plantadas)
    • Ekoru (utiliza energia hidroelétrica e apoia a limpeza dos oceanos)
    • OceanHero (limpa a água com cada pesquisa)
    • Rapusia (50% do lucro da publicidade é doado a causas ambientais e sociais)
    • Good Search (lucro da publicidade é doado a causas ambientais e sociais)
    • Lilo (lucro da publicidade é doado a causas ambientais e sociais).

    4. Alojamento de sites sustentável

    Ter um site da sua clínica pode ter a sua pegada ecológica, tendo em conta que é necessária energia para manter ligado o servidor no qual o site está alojado. O alojamento de sites sustentável é uma alternativa que utiliza energia renovável para providenciar servidores nos quais as pessoas podem alojar um site sem emissões de CO2. Desta forma, pode tornar a sua clínica de fisioterapia mais ambientalmente sustentável. Um exemplo é o: https://greenhost.net. Pode também verificar as emissões de carbono do seu site através do link: https://www.websitecarbon.com ou https://www.wholegraindigital.com/digitaldeclutter.

    E finalmente:

    Reduzir a sua pegada digital não protege apenas sua privacidade e a da sua família, amigos, conhecidos, colegas, etc., mas também protege o meio ambiente. Os dados basicamente consomem eletricidade (para geração, armazenamento, backup, transporte). Quanto menos dados tiver “na rede”, melhor. O mais importante aqui é questionar criticamente o seu próprio consumo digital. E muitas vezes o problema é falta de conhecimento sobre alternativas ou como funciona a internet. Existem algumas coisas para se tornar mais sustentável nesta área. Por exemplo, (a) permitir apenas os cookies necessários de sites economiza energia. Cada cookie coloca em movimento servidores que consomem eletricidade, (b) também pode usar mapas offline no seu sistema de navegação. A navegação ao vivo, por exemplo com o Google Maps, consome muita energia, (c) opte pelo download em vez do streaming, que consome muita energia!

    Fontes e Informação adicional: 

    Já experimentou alguma destas possibilidades ÉPICAS?

    Conte-nos sobre as suas experiências em tornar a sua clínica de fisioterapia mais sustentável!

    Como a fisioterapia ambiental ainda é um campo muito novo de pesquisa, educação e prática, ainda há muito que precisa de ser testado, avaliado e desenvolvido. Vários tipos de apoio são necessários quase imediatamente nesta fase: 

    1. Precisamos de traduções e adaptações contextuais de cartazes existentes e materiais de apoio para o maior número de idiomas possível.

    2. Agradecemos os seus comentários sobre os pósteres existentes para nos ajudar a adicionar novas sugestões, melhorar as existentes e fortalecer ainda mais a base de evidências para apoiar o que estamos a sugerir.

    3. Procuramos uma equipa de voluntários interessados ​​em criar mais um cartaz temático ÉPICO

    Se é do seu interesse, entre em contacto usando o formulário de contacto abaixo! 

    Obrigado pelo seu apoio!  🌍 🌏 🌎 🚑  #EnviroPT

    Equipa de tradução e adaptação dos conteúdos da ESSA Escola Superior de Saúde do Alcoitão: Miguel Noronha, Duarte Santana, Margarida Antunes, Matilde Dias, Patrícia Almeida, António Alves Lopes, Margarida Jardim, Marta Alvaleide e Ana Isabel Vieira.

    Toda a arte do cartaz foi criada por Miu Creative: Illustration-based design

    Interessado em apoiar o desenvolvimento dos nossos posters EPIC? Gostaríamos de o ouvir aqui!

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