Introdução do tema da Fisioterapia Ambiental na licenciatura de Fisioterapia no ISAVE, Portugal
Introdução
O tema da Fisioterapia Ambiental ainda é um desafio em Portugal, muitos desconhecem a nossa aproximação a este tema, assim como, de que modo o podemos incluir nos nossos vastos currículos. Na realidade não me parece que haja essa necessidade, de facto, já colocamos o ambiente em tudo o que fazemos e integramo-lo inclusivamente na Classificação Internacional de Funcionalidade.
Por essa razão decidi desafiar os meus alunos para percebermos todos um pouco melhor o que é isto da Fisioterapia Ambiental e de que modo a temos intrincada nos processos da Fisioterapia. Sou docente da Licenciatura em Fisioterapia do Instituto Superior de Saúde-ISAVE, em Amares, Portugal. A nossa licenciatura é de 4 anos, sendo que o último ano é apenas para estágio. Durante os restantes anos o currículo é muito semelhante aos demais Europeus.
Na Unidade curricular de Estudos Clínicos do 3º ano da licenciatura em Fisioterapia do ISAVE, pedi que se juntassem em grupos e que discutissem sobre o que é isto da Fisioterapia ambiental. Procuraram subtemas e tinham como missão o desenvolvimento de infográficos explicativos para toda a comunidade académica, visando a integração de todos neste tema tão importante para todos nós.
Temas identificados e trabalhados
Os temas identificados foram desde logo “Anatomia e fisiologia” e o impacto do ambiente nestes, nas nossas avaliações enquanto fisioterapeutas. A perceção foi clara, se as nossas células são compostas pelo O2 que respiramos e ingerimos então de facto a nossa fisiologia está desde logo alterada. Também a região em que habitamos induz alterações fisiológicas e anatómicas evidentes e isso foi claro quando os estudantes exploraram as diferenças anatómicas e fisiológicas entre populações que habitam em territórios gelados ou quentes (deserto), em altitude ou em apneia (Bajau). Assim e em conexão com o segundo tema “Avaliação do paciente” a nossa abordagem é necessariamente diferente, se nos fundamentarmos na CIF, percebemos que o ambiente impacta o nosso dia a dia e as nossas capacidades funcionais e cognitivas, por essa razão a avaliação do fisioterapeuta deverá ser ajustada.
Mas fomos mais fundo e encontramos a influencia da “poluição no neurodesenvolvimento” a exposição a toxinas (mercúrio,chumbo, dióxido de enxofre e nitrogénio) ou aos alimentos ricos em produtos químicos parece estar na base de patologias como o autismo, alterações na memória, diminuição da atenção, atraso na linguagem, baixo desenvolvimento motor, psicológico e social e baixa concentração. Mas se afeta o neurodesenvolvimento não impacta menos a “neurodegeneração” com quadros demenciais precoces, patologias como Guillian Barré, esquizofrenia, Alzheimer, Parkinson, Saturnismo, Esclerose em placas, e doença de Charcot parecem estar também elas relacionadas com a exposição ao mercúrio, pesticidas, tabaco entre muitos outros. Não podemos ainda esquecer os quadros “cardiorrespiratórios e alérgicos” tão evidentes para todos nós com exacerbação dos mesmos.
Os estudantes perceberam ainda a “influência do ambiente na saúde mental” e os desafios que se colocam aos fisioterapeutas, assim como a importância do “ambiente no desenvolvimento de competências motoras”, especialmente nas crianças confinadas atualmente a espaços fechados por múltiplas razões incluindo as alterações climáticas.
Andrea Ribeiro (PhD)
Coordinator professor, Director of the research Center, President of the International Institute of Physiotherapy
I am a physiotherapist since 1999. I did my PhD at Lisbon University- Human Motricity Faculty in 2013.I am a physiotherapy teacher, which I enjoy a lot, since 2001. I am also a researcher and I love to do it. My research fields are musculoskeletal, cardiorespiratory, and more recently environmental physiotherapy.
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Conclusões
Mais do que o produto das pesquisas e os infográficos excelentes apresentados, a perceção de que a mensagem tinha passado, que o tema realmente lhes interessou e que viram relação entre a fisioterapia e o ambiente, permitiram-me ganhar forças para continuar.
Estou convicta de que deixei uma semente em cada um deles, e que se vão preocupar com o hoje e com o amanhã, que perceberam a relevância do ambiente e da intervenção do fisioterapeuta. Permitiu-me ainda concluir que não precisamos de acrescentar de facto conteúdos ao currículo, a fisioterapia ambiental já é componente intrínseco da fisioterapia e que todos teremos de estar mais alerta pois de facto o ambiente muda o nosso utente/cliente e por consequência a nossa avaliação/intervenção.
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🇵🇹 Gostaríamos muito de o ouvir e de continuar a conversa sobre o nosso ensino de fisioterapia ambiental. Se tiver algum comentário, questões ou ideias que queira partilhar connosco, contacte Andrea Ribeiro diretamente ou utilize o formulário de comentários abaixo.
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